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2012 - Livro Vermelho 2013

Braunia plicata (Mitt.) A.Jaeger VU

Informações da avaliação de risco de extinção


Data: 30-08-2012

Criterio: B1ab(i,ii,iii)

Avaliador: Tainan Messina

Revisor: Miguel d'Avila de Moraes

Analista(s) de Dados: CNCFlora

Analista(s) SIG:

Especialista(s):


Justificativa

Não é endêmica do Brasil, porém, no país, é restrita aos Campos de Altitude, às Florestas Ombrófilas Mistas, vivendo normalmente sobre afloramentos rochosos e em Florestas Estacionais Deciduais. A espécie apresenta EOO de 6.144,55 km² e está sujeita a menos de cinco situações de ameaça. As fitofisionomias em que ocorre no Estado do Rio Grande do Sul são alvo de intensa degradação resultante da expansão de atividades agropastoris, introdução de espécies exóticas e queimadas. Foi considerada "Vulnerável" (VU).

Taxonomia atual

Atenção: as informações de taxonomia atuais podem ser diferentes das da data da avaliação.

Nome válido: Braunia plicata (Mitt.) A.Jaeger;

Família: Hedwigiaceae

Sinônimos:

  • > Hedwigia plicata ;

Mapa de ocorrência

- Ver metodologia

Informações sobre a espécie


Notas Taxonômicas

Publicada originalmente na obra Bericht über die Thätigkeit der St. Gallischen Naturwissenschaftlichen Gesellschaft 187475: 171 (Gen. Sp. Musc. 2: 87). 1876.

Distribuição

A espécie não é endêmica do Brasil, ocorrendo em toda América do Sul (Costa et al., 2011). No Brasil, a espécie possui distribuição restrita ao Estado do Rio Grande do Sul (Peralta, 2012). Registrada em altitudes de até 900 m (Costa, com. pess.).

Ecologia

Planta rupícola, possui forma de vida do tipo trama; ocorre em Campos de Altitudes, Florestas Ombrófilas Mistas, normalmente sobre afloramentos rochosos (Peralta, 2012) e Florestas Estacionais Deciduais (Costa et al., 2009).

Ameaças

1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
Detalhes Segundo Halibäck; Hodgetts (2000) a perda e degradação de habitat são as mais sérias ameaças às briófitas em todo o mundo. A degradação reduz a qualidade do habitat, causando o desaparecimento das espécies sensíveis; já a fragmentação conduz ao isolamento das comunidades de briófitas, visto que a disperção e a reprodução são diretamente afetadas. Além disso, a fragmentação e destruição de habitat representam as maiores ameaças a espécies de distribuição restrita ou endêmicas (Costa; Santos, 2009).

1.1 Agriculture
Detalhes Em 1970, a área total de Campos no sul do Brasil era 18 milhões ha, ao passo que em 1996 a área estava em 13,7 milhões ha (i.e. 23,7% da área total dessa região), sendo 10,5 milhões ha no Estado do Rio Grande do Sul (área total: 28,2 milhões ha), 1,8 milhão ha em SC (área total: 9,6 milhões ha) e 1,4 milhão ha no PR (área total: 20 milhões ha). Assim, um decréscimo de 25% da área total dos campos naturais ocorreu nos últimos 30 anos devido a uma forte expansão das atividades agrícolas (Overbeck et al., 2009).

1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
Detalhes No Estado do Rio Grande do Sul, o desmatamento dos bosques naturais, especialmente da Floresta Estacional e da Mata dos Pinheiros (Florestas Ombrófilas Mistas) onde B. plicata possui registros, é uma das conseqüências do modelo de desenvolvimento que sempre buscou novas transpor fronteiras agrícolas e novas áreas para cultivo, promovendo o plantio até a borda dos cursos d'água, com perda de vegetação ciliar, e implicando no uso de adubos químicos de alta solubilidade e na aplicação de herbicidas e pesticidas. A conseqüência imediata da retirada da cobertura vegetal foi a maior fragmentação dos ecossistemas e o aumento do processo erosivo. A longo prazo, tal situação levou a sérios problemas associados, como perda da capacidade produtiva das terras, redução nas colheitas, degradação física, química e biológica dos solos, aumento no custo de produção, assoreamento dos rios e reservatórios, redução na qualidade e disponibilidade da água. O domínio da Mata Atlântica ocupava, originalmente, cerca de 13 milhões de hectares (50% da superfície do Estado), tendo atualmente remanescentes de mata e restinga que atingem apenas 600.000 hectares, aproximadamente, 5% da cobertura original. O ecossistema campos, em área limítrofe com a Argentina e com o Uruguai, vem sofrendo forte descaracterização em função da utilização intensiva para atividades agropecuárias e com o incremento do uso de espécies vegetais exóticas para "melhorar" as pastagens naturais. Este processo destrói as características naturais do ecossistema campo, colocando-as em risco de completa eliminação, apesar de sua importância ecológica (Margareth et al., 2008).

Ações de conservação

1.2.1.3 Sub-national level
Situação: on going
Observações: A espécie foi considerada "Em Perigo" (EN) em avaliação de risco de extinção empreendida para a flora do Estado do Rio Grande do Sul (CONSEMA-RS, 2002).

Referências

- PERALTA, D.F. Hedwigiaceae in in Lista de Espécies da Flora do Brasil, Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponivel em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/FB096404>. Acesso em: 10 maio 2012.

- CONSELHO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE, RIO GRANDE DO SUL. Decreto estadual CONSEMA n. 42.099 de 31 de dezembro de 2002. Declara as espécies da flora nativa ameaçadas de extinção no estado do Rio Grande do Sul e da outras providências, Palácio Piratini, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 31 dez. 2002, 2002.

- COSTA, D.P. ET AL. Briófitas - Musgos. In: STEHMANN, J.R. ET AL In Plantas da Floresta Atlântica. 2009.

- HALLINGBÄCK, T.; HODGETTS, N. Mosses, liverworts & hornworts: a status survey and conservation action plan for bryophytes, Gland, IUCN, 2000.

- COSTA, D.P.; SANTOS, N.D. Conservação de hepáticas na Mata Atlântica do sudeste do Brasil: uma análise regional no estado do Rio de Janeiro. Acta Botânica Brasilica, v. 23, n. 04, p. 913-922, 2009.

- OVERBECK, G. E.; MÜLLER, S. C.; FIDELIS, A. ET AL. Os Campos Sulinos: um bioma negligenciado. In: PILLAR, V. DE P.; MÜLLER, S. C.; CASTILHOS, Z. M. DE S.; JACQUES, A. V. Á. (Eds.), Campos Sulinos: conservação e uso sustentável da biodiversidade, Brasília, DF, Ministério do Meio Ambiente (MMA), p.26-41, 2009.

- MARGARETH, V. ET AL. Projeto conservação da biodiversidade como fator de contribuição ao desenvolvimento do estado do Rio Grande do Sul, Secretaria do Planejamento e Gestão, 2008.

- BORDIN, J.; YANO, O. Lista das briófitas (Anthocerotophyta, Bryophyta, Marchantiophyta) do Rio Grande do Sul, Brasil. Pesquisas, Série Botânica, n. 61, p. 39-170, 2010.

- COSTA, D.P. Comunicação da especialista Denise Pinheiro da Costa, do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro (RJ), para o analista de dados Eduardo Fernandez, Pesquisador do CNCFlora, em 15/10/2012, 2012.

Como citar

CNCFlora. Braunia plicata in Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2 Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponível em <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Braunia plicata>. Acesso em .


Última edição por CNCFlora em 30/08/2012 - 19:37:12